Empresas brasileiras elevam investimento na Venezuela
Fonte: ( 27 de junho de 2008 )
Folha de S. Paulo/SP
Brasil correspondeu a 20% do aporte estrangeiro no país vizinho em 2007
Braskem participa de projetos que somarão US$ 3,4 bi; para analista, tendência reflete política de Chávez, que busca substituir presença americana
No computador de Sergio Thiesen, diretor-superintendente da Braskem na Venezuela, os dados sobre o maior projeto industrial de capital brasileiro no país de Hugo Chávez se misturam a fotos de luxuosos condomínios à beira de canais por onde passeiam iates. Parece Miami, mas se trata de Lecheria, cidade caribenha a 300 km a leste de Caracas.
A Braskem já enviou 22 funcionários. Esse número deve aumentar a partir de janeiro, quando começam as obras para a construção da primeira das duas fábricas que a Braskem construirá com a estatal Pequiven. Ambas funcionarão no Complexo Petroquímico de Jose, perto de Lecheria.
O maior projeto, o Poliamerica, envolve US$ 2,5 bilhões e deve entrar em operação no final de 2012. Produzirá polietileno e eteno. O segundo projeto, Propilsur, está orçado em US$ 900 milhões, ficará pronto dois anos antes e fabricará prolipropileno. Cada empresa investirá cerca de US$ 1,75 bilhão, gerando cerca de 1.500 empregos diretos.
"A Venezuela possui uma das maiores reservas de petróleo e gás natural do mundo e tem interesse em atrair parceiros que possuam experiência e tecnologia para desenvolver projetos petroquímicos no país", diz Thiesen, ao justificar o investimento da Braskem -seu primeiro no exterior- num momento em que Chávez nacionaliza empresas estrangeiras, entre as quais a siderúrgica Sidor, com participação da Usiminas.
Controlada pela Odebrecht, a Braskem é parte de uma onda de investimentos brasileiros na Venezuela iniciada no ano passado, num momento em que o país atrai cada vez menos capital estrangeiro.
O ano passado foi o primeiro desde o início do governo Chávez, em 1999, em que empresas brasileiras se instalaram na Venezuela -o quinto destino de investimentos do país, segundo levantamento do Itamaraty. Antes, apenas a AmBev tinha fábricas no país, mas sua chegada foi em 1994.
A lista inclui a Gerdau, que, em julho do ano passado, comprou a terceira maior produtora de aço do país, a siderúrgica Sizuca, por US$ 92,5 milhões.
Pouco depois, em setembro, foi a vez de o Grupo Ultra comprar uma pequena fábrica de produtos químicos, por cerca de US$ 14 milhões. Outra empresa a investir na Venezuela foi a mineira Alcicla, que se associou à venezuelana Metalnet numa fábrica de reciclagem de alumínio. O investimento foi de US$ 25 milhões, dividido ao meio entre as sócias.
A "invasão" brasileira contrasta com o débil desempenho venezuelano no ano passado, quando atraiu apenas US$ 646 milhões, ficando num modesto 13º lugar na região, segundo dados da Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe). Está atrás de economias bem menores, como Honduras e El Salvador. Em 1998, último ano pré-Chávez, o montante chegou a US$ 5 bilhões, segundo o Banco Central.
Ao todo, as quatro empresas declararam ter investido cerca de US$ 129 milhões na Venezuela -20% do total registrado no ano passado. Em anos anteriores, a participação brasileira era próxima do zero.
Para Asdrúbal Oliveiros, diretor da consultoria Ecoanalítica, os investimentos brasileiros refletem a política externa de Chávez, que busca substituir a tradicional presença americana. "Brasil, Argentina, China e Argentina são os países que estão investindo hoje na Venezuela", diz Oliveiros, que vê o momento como de transição. "Substituir parceiros tradicionais como EUA e Colômbia não é algo que se possa fazer com tanta rapidez", ressalva.
Em linha semelhante, Thiesen atribui a chegada dos investimentos brasileiros à aproximação entre Chávez e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que amanhã visita Caracas. "A excelente relação entre os dois presidentes foi fundamental no processo de expansão da relação bilateral", diz.
martes, 13 de julio de 2010
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