martes, 13 de julio de 2010

EMPRESAS BRASILEIRAS NA VENEZUELA

Empresas brasileiras elevam investimento na Venezuela
Fonte: ( 27 de junho de 2008 )
Folha de S. Paulo/SP
Brasil correspondeu a 20% do aporte estrangeiro no país vizinho em 2007
Braskem participa de projetos que somarão US$ 3,4 bi; para analista, tendência reflete política de Chávez, que busca substituir presença americana
No computador de Sergio Thiesen, diretor-superintendente da Braskem na Venezuela, os dados sobre o maior projeto industrial de capital brasileiro no país de Hugo Chávez se misturam a fotos de luxuosos condomínios à beira de canais por onde passeiam iates. Parece Miami, mas se trata de Lecheria, cidade caribenha a 300 km a leste de Caracas.
A Braskem já enviou 22 funcionários. Esse número deve aumentar a partir de janeiro, quando começam as obras para a construção da primeira das duas fábricas que a Braskem construirá com a estatal Pequiven. Ambas funcionarão no Complexo Petroquímico de Jose, perto de Lecheria.
O maior projeto, o Poliamerica, envolve US$ 2,5 bilhões e deve entrar em operação no final de 2012. Produzirá polietileno e eteno. O segundo projeto, Propilsur, está orçado em US$ 900 milhões, ficará pronto dois anos antes e fabricará prolipropileno. Cada empresa investirá cerca de US$ 1,75 bilhão, gerando cerca de 1.500 empregos diretos.
"A Venezuela possui uma das maiores reservas de petróleo e gás natural do mundo e tem interesse em atrair parceiros que possuam experiência e tecnologia para desenvolver projetos petroquímicos no país", diz Thiesen, ao justificar o investimento da Braskem -seu primeiro no exterior- num momento em que Chávez nacionaliza empresas estrangeiras, entre as quais a siderúrgica Sidor, com participação da Usiminas.
Controlada pela Odebrecht, a Braskem é parte de uma onda de investimentos brasileiros na Venezuela iniciada no ano passado, num momento em que o país atrai cada vez menos capital estrangeiro.
O ano passado foi o primeiro desde o início do governo Chávez, em 1999, em que empresas brasileiras se instalaram na Venezuela -o quinto destino de investimentos do país, segundo levantamento do Itamaraty. Antes, apenas a AmBev tinha fábricas no país, mas sua chegada foi em 1994.
A lista inclui a Gerdau, que, em julho do ano passado, comprou a terceira maior produtora de aço do país, a siderúrgica Sizuca, por US$ 92,5 milhões.
Pouco depois, em setembro, foi a vez de o Grupo Ultra comprar uma pequena fábrica de produtos químicos, por cerca de US$ 14 milhões. Outra empresa a investir na Venezuela foi a mineira Alcicla, que se associou à venezuelana Metalnet numa fábrica de reciclagem de alumínio. O investimento foi de US$ 25 milhões, dividido ao meio entre as sócias.
A "invasão" brasileira contrasta com o débil desempenho venezuelano no ano passado, quando atraiu apenas US$ 646 milhões, ficando num modesto 13º lugar na região, segundo dados da Cepal (Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe). Está atrás de economias bem menores, como Honduras e El Salvador. Em 1998, último ano pré-Chávez, o montante chegou a US$ 5 bilhões, segundo o Banco Central.
Ao todo, as quatro empresas declararam ter investido cerca de US$ 129 milhões na Venezuela -20% do total registrado no ano passado. Em anos anteriores, a participação brasileira era próxima do zero.
Para Asdrúbal Oliveiros, diretor da consultoria Ecoanalítica, os investimentos brasileiros refletem a política externa de Chávez, que busca substituir a tradicional presença americana. "Brasil, Argentina, China e Argentina são os países que estão investindo hoje na Venezuela", diz Oliveiros, que vê o momento como de transição. "Substituir parceiros tradicionais como EUA e Colômbia não é algo que se possa fazer com tanta rapidez", ressalva.
Em linha semelhante, Thiesen atribui a chegada dos investimentos brasileiros à aproximação entre Chávez e o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que amanhã visita Caracas. "A excelente relação entre os dois presidentes foi fundamental no processo de expansão da relação bilateral", diz.

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